Entre diversas escolhas para o ataque do Corinthians, essa é a mais inacreditável
Opinião de Matheus Fiuza
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A fase ruim do Corinthians parece não ter fim. Após a derrota para o Argentinos Juniors, fora de casa, na Sul-Americana, o elenco comandado por António Oliveira chegou a quatro jogos sem vencer na temporada, além de não anotar um mísero gol nessa sequência. Entre tantos problemas, um dos mais chamativos está no ataque, não só pelos números recentes, mas pelas escolhas do comandante.
Diante dos argentinos, o treinador português esboçou, mais uma vez, um novo trio ofensivo, desta vez formado por Pedro Henrique, Romero e Yuri Alberto. Com exceção do primeiro nome, que foi quem mais apareceu em relação aos outros companheiros, pouco funcionou a nova seleção de atletas. A correção viria no intervalo, com Wesley, a principal arma ofensiva do Timão na temporada, na vaga de Yuri.
Apesar da mexida, o Corinthians não teve tanto tempo para aproveitar a mudança devido à expulsão bizarra e infantil de Raul Gustavo, que empurrou o auxiliar de arbitragem em duas oportunidades. O restante da segunda etapa foi de pouco brilho, mas mostrou que Wesley, entre erros e acertos, é a chama (ou ao menos a faísca) necessária para dar um ânimo ao torcedor corinthiano.
Imagine a seguinte cena: o Corinthians é como uma pessoa sozinha numa floresta, sem direção, e buscando recursos para sobreviver. Diante disso, você tem uma única ferramenta capaz de gerar faísca e, por consequência, ter fogo para se alimentar e manter sua jornada em meio a diversos problemas. Afinal, se essa é sua única e essencial opção, por que descartá-la e utilizar outros mecanismos que não são garantia de resultado? É assim o ataque do Corinthians sem Wesley - embora seja difícil cravar garantias neste esporte.
Sim, Wesley tem apenas 19 anos e, como qualquer jovem, oscila em diversos momentos. É natural. O garoto tem talento para criar cenários de perigo e sempre ser um alerta para os defensores, principalmente pela explosão com drible e a finalização com a perna direita, embora ainda não tenha se mostrado um grande goleador. No Brasileirão, por exemplo, foram dez dribles bem-sucedidos em apenas 156 minutos, a melhor marca do torneio, segundo o SofaScore. Um dos lampejos que, em relação aos concorrentes, tem grande valor no ataque inoperante.
Ao olhar para as outras peças, impressiona a decisão de deixá-lo fora. Yuri Alberto e Romero dividem a artilharia da temporada e complementaram o trio ofensivo junto a Wesley durante parte do ano. Porém, nas últimas partidas, a dupla desperdiçou mais do que aproveitou as grandes chances, vide a partida contra o Juventude. Yuri, inclusive, em sua principal característica, de atacar o espaço, enquanto Romero como finalizador, mas muitas vezes como ponta, onde pouco agrega atualmente. Gustavo Mosquito quase não mostrou a que veio em 2024, com exceção do Dérbi.
Entre os reforços, Pedro Raul possui características específicas para situações de jogo ou encaixe diante de um adversário. A bola aérea é o principal recurso, mas não desempenhou o necessário para ser uma segurança no ataque. Pedro Henrique, por sua vez, pode ser essa opção pelo outro lado, e não substituindo Wesley, já que foi voluntarioso nos jogos recentes e ao menos incomodou o adversário. Não é o ideal, mas é a realidade do Corinthians (sem falar de outras opções da base alvinegra).
É difícil montar um ataque ideal para o Timão, ainda mais com tantos problemas em diversos setores e além das quatro linhas, com bastidores quentes no Parque São Jorge. Porém, é mais complicado imaginar um ataque minimamente funcional sem a presença do jovem atacante, que não está pronto para assumir essa responsabilidade, mas precisa de ajuda para incendiar e alimentar o faminto ataque do Corinthians.
Não se pode desperdiçar os únicos e melhores recursos em meio a escassez.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.