Um time seguro, pragmático, que busca ser mais letal: a velha e eficiente fórmula corinthiana
Opinião de Marcelo Becker
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Posse de bola, intensidade e pressão alta no chamado pós-perda. Essas palavras foram usadas por Vítor Pereira logo em sua chegada ao Corinthians. Fazer o time jogar com as linhas bem avançadas também era objetivo do treinador. Mas, ao vivenciar o que de fato é o calendário do futebol brasileiro, o comandante português se viu obrigado a abandonar tal estratégia. Agora, molda sua equipe de acordo com o físico de seus atletas, bem como o intervalo entre os jogos.
O choque de realidade veio na semifinal do Campeonato Paulista, quando, apesar de o placar ter sido 2 a 1 para o São Paulo, o alvinegro não conseguiu competir com o tricolor, muito por conta do aspecto físico. Naquela semana, o Corinthians jogou o confronto decisivo do Estadual com apenas dois dias de intervalo em relação a última partida.
Depois disso, muita coisa mudou: rodízio de atletas nas escalações e também a postura tática do time. Atualmente em três competições (muitos jogos, poucos treinos), média de idade do elenco e lesões, tudo isso moldou o Corinthians até aqui. Se não é uma equipe que proporcione espetáculos, vitórias por muitos gols, tem se mostrado um time seguro.
Na vitória do último sábado, por 1 x 0 contra o Atlético-GO, após abrir o placar ainda na etapa inicial, o Corinthians adotou uma proposta de jogo bastante defensiva para o segundo tempo, e acabou o confronto com uma linha de cinco (três zagueiro e dois laterais), mais três volantes. E teve como lance de maior perigo uma única cabeceada do adversário, que saiu pelo lado do gol defendido por Cássio. Após o jogo, Vitor Pereira elogiou seus jogadores.
“Fundamentalmente, nas circunstâncias que jogamos o jogo, hoje valeu o espírito de equipe. Muitos jogadores fora, jogo era importante, mas o que quero é valorizar o trabalho de quem estava em campo. Espírito de luta muito forte e só assim foi possível levar os três pontos dentro de campo”.
Para que esse modelo mais reativo seja de fato eficaz, o ataque precisa ser mais letal. Em Goiânia não foi. O erro do Corinthians no sábado foi não conseguir contra-atacar. A ausência de Willian pode ter sido fundamental para isso, uma vez que o camisa 10 é o cara de velocidade e técnica para a saída em velocidade desde a defesa.
Para a sequência da temporada, imagino que cada vez veremos mais o “Corinthians possível”. O tranquilizante mais eficaz do futebol é a vitória, e jogar pelo resultado no sentido da expressão já um tanto batida – saber sofrer -, está longe de ser demérito para qualquer equipe. Pode não brilhar, encantar, mas precisa vencer. Assim é o jogo, e até aqui, assim o Corinthians está vivo nas três competições que disputa.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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