A falta de respeito não se passa só com Ralf
Opinião de Luis Fabiani
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Em meio às grandes mudanças sofridas pelo Corinthians nesse início de 2020, não seria exagero nenhum dizer que a mais repercutida entre elas foi o anúncio de uma iminente saída dos ídolos Ralf e Jadson.
A partida do volante, no entanto, parece ter gerado ainda mais rebuliço. Talvez por ser um dos jogadores com mais jogos e títulos pelo clube, e por ser o grande simbolo da década mais vitoriosa da história da equipe alvinegra. Raça, vontade e inteligência em campo nunca o faltaram. Sem dúvidas merece todas as homenagens possíveis (mesmo que não prestadas pela diretoria até o momento).
O camisa 10, por sua vez, gerou uma reação um pouco diferente por parte da torcida. Talvez seu péssimo 2019 tenha dado algum efeito amnésico nos corinthianos, que parecem pouco se importar com a saída do meia.
"O Jadson tudo bem, mas o Ralf tinha que ficar!"
Não é bem por aí.
Esse raciocínio, presente em boa parte das repercussões, eu simplesmente não aceito. Deveria ser utilizada a mesma lógica para ambos. Jogadores vitoriosos dentro do clube, que muito agregaram em conquistas importantes, mas que hoje não conseguem mais entregar aquilo que entregavam no passado, o que é perfeitamente normal para atletas de 35 e 36 anos respectivamente.
O propósito dessa coluna é diretamente relacionado com a frase a seguir:
Jadson é tão ídolo quanto Ralf!
Ainda hoje, seis anos depois da contratação, lembro bem das notícias que estampavam um acordo entre as diretorias de Corinthians e São Paulo para uma troca franca, sem envolver dinheiro entre o atacante Alexandre Pato e o meia Jadson. O acerto antecedia a partida entre Bragantino e Corinthians, na qual o time do interior venceu por 2 a 0 em pleno Pacaembu. O time comandado por Mano Menezes estava em crise.
Considero essa negociação como a troca das incertezas. O atacante, que pouco rendeu por aqui, mas que a qualquer momento podia começar a entregar gols e assistências como na Europa. O meia, quase sempre acima do peso que vivia em pura inconstância, alternando entre jogos razoáveis e péssimos na equipe tricolor.
E o baixinho recém-contratado pelo alvinegro, em meio às incertezas que o rodeavam, desfilou seu futebol com a camisa 10. Fez oito gols em 2014. Em 2015 então, nem se fala. Junto com Renato Augusto, era o cérebro e motorzinho de uma das maiores equipes que o Campeonato Brasileiro já viu. Fez o dobro de gols da temporada anterior. Anotou 16.
Migrou no ano seguinte para o futebol chinês seduzido pelo dinheiro, mas pouco aguentou. Seu amor pelo Corinthians era maior. Retorna em 2017 para liderar o meio-campo da então quarta-força do futebol paulista, que conquistaria o Estadual e o Brasileirão daquele ano sob o comando de Fábio Carille.
Não satisfeito ainda, Magic Jadson, como foi carinhosamente apelidado, assume o protagonismo da equipe medíocre de 2018. Era um dos poucos pontos incontestáveis das equipes dos altamente contestáveis Osmar Loss e Jair Ventura.
Foi opção no banco em 2019 para os mais jovens, e nunca reclamou. Nos bastidores, sempre se viu um Jadson feliz e comandando a felicidade do grupo da mesma forma que comandou nosso meio-campo por tantos anos.
Você fará falta, Magic. E torço muito para que torcedores de outros clubes consigam ver você usando a 10 das suas equipes. São poucos os times que o merecem. Toda a sorte do mundo para você.
E digo mais: Nunca deixe alguém te dizer que você não foi ídolo por aqui!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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