Sergio Fut
Só quem estava naquela arquibancada do Yokohama Stadium naquela fria noite, pode sentir a adrenalina daquele 16 de dezembro de 2012...Dia inesquecível
em Bate-Papo da Torcida > Oito anos da final em Yokohama, Japão: relatos de um louco
Em resposta ao tópico:
Eu tive a sorte e privilégio de presenciar esse dia mágico (16/12/2012), representando meu pai, mãe, meu irmão e outros milhões de torcedores.
Tenho certeza que muitos de vocês gostariam de ter tido essa chance de ir ao jogo, e posso assegurar que os 35 mil torcedores presentes no estádio gostariam de estar com vocês na comemoração, quando o Brasil parou para comemorar nosso bicampeonato.
Poderia escrever horas e horas, mas vou guardar para o documentário especial dos 10 anos do Mundial, fica aqui abaixo parte dessa história.
Durante toda a viagem o clima era de muita festa, conquistando milhares de japoneses para o bando, principalmente pelo grito "Vai, Corinthians", que era ecoado em todas as ruas do Japão.
Na noite que antecedeu a final, fomos para uma bar/balada com uma turma do hotel para beber umas e tentar ficar menos nervoso, eu não consegui e voltei para o hotel.
Não parava nada no estômago rsrs, não dormi, tremia de ansiedade, roupa do jogo pronta e checando o ingresso a cada cinco minutos.
Começava a clarear o dia no Japão e fomos para o café da manhã, era um clima nervoso, dava pra escutar os talheres e respirações, todos ansiosos para chegar logo o momento único.
Os ônibus saíam de Tóquio para Yokohama às 11h e o jogo era 19h30 de lá (8h30 daqui). Durava 40 minutos.
Antes de sair, o craque Neto (que estava nesse hotel) fez um relato emocionante para os torcedores e recebemos a notícia de que um dos torcedores da noite anterior estava em coma no hospital, pois bateu a cabeça saindo do bar na madrugada.
Aquilo aflorou ainda mais os nossos sentimentos e queríamos ganhar esse jogo também por ele, um cara que eu nem conhecia e não ia poder ver o jogo, realizar um sonho, mesmo tão perto disso.
Entramos no ônibus, nossa guia (MIROKO) pediu para não abrir as janelas durante o trajeto, mas era tarde demais, bandeiras, tamborins e gritos já estavam com meio corpo para fora.
Estrada lotada, buzinaço, e um mar alvinegro de pessoas. Carros, motos, ônibus, tudo que vocês possam imaginar.
Lembro que fizemos um bolão no ônibus, e um “torcedor” quase ficou na estrada, pois colocou 2x1 Chelsea. Um filha da p**…devolvemos os Yens dele, obviamente.
Chegando ao estádio, parecia aquelas tarde no Pacaembu com a praça Charles Miler lotada, arrepia de lembrar.
A cerveja? Acabou quatro horas antes do jogo começar. Não estavam preparados para nossa massa.
Ao entrar no estádio, as primeiras lágrimas caíram, arquibancadas lotadas e torcedores espalhados por todos os cantos. Não era uma miragem, era uma realidade. Nunca cantamos tanto durante os 90 minutos.
Que dia ou noite amigos...Alessandro, Chicão, Paulinho, Jorge Henrique, Paulinho, Danilo, o toque de cabeça. Paolo Guerrero. Explosão.
Baile do Corinthians. Japão dominado. Mundo em preto e branco.
Caí alguns lances de arquibancada, abracei 30, xinguei 13 japoneses com a camisa do Torres e só pensava em conseguir viver com minha arritmia até o fim do jogo.
Não tenho uma vez que vejo o gol e não me emociono.
Se na ida fomos em pé, imaginem como foi a volta no avião.
E quando digo sorte, não tinha dinheiro para a viagem, e ganhei um concurso de uma marca de cerveja. Sabe quando perderíamos esse jogo? Nunca.
E torcedor? Acordou no dia 26 de dezembro e quando abriu os olhos perguntou aos familiares: Ganhamos?
Obrigado, Corinthians!