Dupla do Corinthians Feminino destaca importância da Fiel e relata impacto negativo de caso Cuca
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Por Meu Timão
Vic Albuquerque destaca importância da Fiel e relata impacto negativo de caso Cuca
Reprodução/Flow Sport Club
Após conquistarem a Supercopa Feminina, as Brabas miram agora o hexacampeonato brasileiro. Para alcançar esse objetivo, as corinthianas contam com o apoio vindo das arquibancadas. A meia Vic Albuquerque destaca a importância da Fiel como um fator determinante para o desempenho da equipe.
"Nossa torcida faz a diferença. O que mais fez diferença no futebol feminino com o Corinthians foi o apoio da torcida. A gente lota a Arena em qualquer dia e horário da semana. Até às 11h, com sol de 40º, a torcida está lá. A gente não sabe como e nem por quê, mas é uma paixão que não tem como explicar. Todo mundo sabe que a torcida corinthiana é a mais apaixonada, é a mais fiel”, disse Vic ao Flow Sport Club.
Vic, no entanto, revelou que ainda não se acostumou com a sensação de presenciar a Fiel vibrando pela equipe na Neo Química Arena, mesmo após ter disputado 15 jogos no local. Ela enfatizou que a equipe utiliza essa energia a seu favor, incorporando o espírito da torcida para dentro de campo.
"Eu nunca me acostumei. Joguei várias vezes, nunca perdi e não consigo me acostumar. Parece que é sempre o último jogo. E quando tomamos gol, eles gritam mais alto, parece que o outro time tomou gol. Usamos muito a torcida a nosso favor. Tiramos a bola, damos um grito, carrinho, pegamos o espírito da torcida. Quando jogamos, engolimos todo mundo e parece uma avalanche”, relatou a meia.
A zagueira Mariza também expressou que ainda não se acostumou com a sensação de entrar em campo com a Arena lotada, sentindo uma grande agitação. Além disso, ela enfatizou a representatividade da equipe para milhares de pessoas, mencionando um exemplo marcante de um torcedor que desistiu de se suicidar após ter ido ao jogo das Brabas.
"Quando a galera começa a gritar, eu fico toda agitada (gesticulando com as mãos), uma vontade de sair correndo. Teve uma vez que entrei na DM do Instagram, jogo nosso ano passado, um torcedor foi ao nosso jogo e desistiu de tentar suicídio. Eu li aquilo e percebi que a gente salva vidas. A representatividade é muito forte. Quando entramos ali, não é só a gente, não é só futebol”, comentou a zagueira.
Caso Cuca e protesto feito pelas Brabas
Apesar da boa relação da torcida com as Brabas, algo que ficou marcado foi o protesto que as jogadoras fizeram contra a contratação do técnico Cuca, que havia sido condenado por estupro de uma menor de idade durante uma excursão do Grêmio à Suíça, em 1987. Vic descreveu o impacto negativo que isso teve nas jogadoras.
"O impacto foi enorme antes mesmo de ser contratado. Já tínhamos conversado entre nós, passado nossa ideia para o Duilio e ainda assim teve a contratação. Temos histórias totalmente diferentes e muitas delas envolvem abuso na infância em diversos contextos. Não se tratava de Corinthians, mas de mulheres. Não queríamos arrumar encrenca com a torcida, com o Cuca, treinador, presidência. Ali falávamos como mulheres, lutando por uma causa social", começou explicando.
"Depois, conversamos de novo para ver como iríamos nos pronunciar. Quem não quisesse, tudo bem, sabíamos que ia causar impacto, mas não esperávamos tão ruim. Foi o ano inteiro assim. Jogamos logo após contra o Internacional, perdemos, a galera pegando no pé. Andava na rua, passava um corinthiano e xingava. Aquele mês foi perturbador, algumas nem conseguiram dormir. A Tamires ficou espantada tanto pelo dia a dia quanto pela internet", complementou.
Vic ainda mencionou que a intenção do protesto não foi a demissão do técnico, muito menos gerar uma guerra com a torcida. Ela afirmou que as jogadoras chegaram a conversar com Cuca e que o objetivo de tudo isso era fazer com que as pessoas entendessem que se tratava de mulheres.
"Queríamos fazer uma diferença na vida das pessoas, não queríamos demissão, afetar a vida dele. Conversamos com ele, não queríamos uma guerra, mas sim botar na cabeça das pessoas que se tratava de mulheres. Para ele, desejamos sorte no trabalho dele. Coloque a mão na consciência se fez ou não, se omitiu ou não", concluiu.
Relação das Brabas com a torcida atualmente
Quase um ano após o protesto, as Brabas celebram uma relação mais sólida com a torcida corinthiana. Mariza destaca que, apesar das interpretações negativas, a intenção nunca foi prejudicar o Corinthians. Pelo contrário, a equipe sempre buscou defender e promover o bem da instituição diariamente.
"Hoje está de boa. Acho que pelo momento que o Corinthians passava, a galera pensava que queríamos prejudicar o Corinthians. É a nossa instituição, defendemos todos os dias. O torcedor não tem paciência. A gente também se cobra, mas a torcida passa um pouco do ponto. Eu entendo o lado deles, óbvio, querem resultado, igual o masculino. Às vezes está criticando e tenta dar um apoio, cobrar de forma mais leve, e vai que ele dá resultado", disse a defensora.
