Os números comprovam o limite do mancinismo no Timão
Opinião de Jorge Freitas
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Da briga pelo rebaixamento à luta pela classificação à pré-Libertadores até a penúltima rodada. A narrativa pode até alegar que Vagner Mancini fez um bom trabalho em seus meses de Corinthians, mas os números comprovam que a realidade é bastante diferente e muito pior do que se parece.
Mancini comandou o Timão durante todo o 2º turno do Campeonato Brasileiro. Em 19 jogos, o alvinegro somou 27 pontos, um aproveitamento inferior a 50% dos pontos disputados, com apenas sete vitórias, além de seis empates e seis derrotas, resultando na medíocre 12ª colocação do returno. Nesse período, foram 23 gols marcados e 19 sofridos, o que ajudou a concluir a pior temporada da equipe em média de gols sofridos nos últimos anos.
Posso parecer repetitivo, mas o trabalho de Mancini somente pareceu bom por conta das inúmeras falhas que a equipe apresentou durante o período em que foi treinada por Dyego Coelho. Qualquer treinador com um mínimo de conhecimento desejável seria capaz de melhorar o desempenho daquela equipe, haja vista que, embora composta por inúmeros jogadores ruins, possui nomes dentre os melhores do Brasil, como o lateral-direito Fagner e o zagueiro Gil.
Os números com Mancini comprovam mais coisas. Se contarmos apenas as partidas realizadas em 2021 (excluindo os jogos remarcados do ano anterior para este), o Timão conquistou apenas 12 pontos, mais apenas que Fortaleza, Coritiba, São Paulo e Botafogo e empatado com o rebaixado Vasco da Gama.
Além disso, o "mancinismo" não foi capaz de vencer em casa o cruzmaltino, o Athlético-PR e o Bragantino, além de ter perdido fora para Bahia e Santos e empatado com Atlético-GO e Fortaleza, todos com folha salarial abaixo do que pagamos mensalmente a este catado que veste a nossa camisa diariamente.
Outra coisa que me incomoda bastante é o discurso de que os líderes do grupo são a favor da permanência do treinador e gostam da forma de seu trabalho. Como pode jogadores acostumados a vencer aceitarem discursos de uma equipe que terminou o campeonato na segunda parte da tabela? É o tipo de declaração que demonstra muito mais comodidade que vontade de vencer, pois jogadores como Cássio e Jô sabem bem que, com gabarito de vencedor e sem medo de estrelas, esquentariam o banco por muito mais tempo se se mantiverem nas formas física e técnica atuais.
Não tenho nada contra Vagner Mancini, apesar de ter sido veemente contra sua contratação. No entanto, parece-me que uma evolução do clube para o ano que vem, especialmente por conta da incapacidade de investimento em jogadores, passa diretamente pela contratação de um treinador que faça a equipe evoluir e que conheça ao menos o caminho dos títulos, coisa que nosso treinador, sabemos bem, não conhece.
Com um ótimo discurso, bem querido e bom de grupo, nesse tempo como treinador do Timão, Mancini realmente me convenceu de que é um bom técnico, mas que não está à altura de comandar o Timão. Com um título de expressão em 15 anos de carreira, ele pode fazer um grande trabalho por um time mediano, mas jamais nos elevará a protagonistas nas competições nacionais, pois seu limite já é reconhecível.
É claro que havará aqueles que defenderão o treinador ao dizer que o elenco do Corinthians é ruim, mas vale lembrar que Jair Ventura quase foi rebaixado com o Santos com Gabigol, Bruno Henrique e Rodrygo no ataque, o que indica que é difícil compreender a qualidade real de um jogador sem um treinador realmente capacitado e vitorioso.
É inviável que venha alguém como Renato Gaúcho, por exemplo, mas foi com ele que o Grêmio conseguiu seus principais títulos do século, além de suas melhores vendas, com jogadores jovens, como Arthur, Pepê, Pedro Rocha e Everton Cebolinha. Seu perfil seria ideal para o Corinthians, mas seu salário está fora dos padrões, exceto se aliviarmos a folha com jogadores como Otero e Luan, que ganham muito e jogam pouco.
É uma sinuca de bico para um clube endividado, mas há uma clara indicação de que já alcançamos o topo do rendimento possível com a comissão técnica atual. É preciso tomar muito cuidado para não começarmos a nos nivelar por baixo, pois, apesar de ter feito o melhor returno com o clube desde 2015, como acaba de noticiar o Meu Timão, tivemos desempenho quase que de equipe rebaixada.
Para terminar, ontem, contra o Inter, mesmo com tudo perdido na temporada, o treinador sequer deu chance a Cauê e Gabriel Pereira, jovens que podem ser importantes para a temporada em tempos de contenção de gastos.
Enfim, os números comprovam: o "mancinismo" está em seu limite e é preciso alguém que saiba como é estar sempre no topo.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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